domingo, 5 de julho de 2009

O Brasil dos PCN's - diversidade como patrimônio sociocultural

De acordo com os PCN's - Parâmetros Curriculares Pacionais - a diversidade corresponde às características étnicas e culturais dos diferentes grupos sociais. O aspecto que interessa na discussão sobre os PCN's é o tema transversal sobre a pluralidade cultural, que é um "patrimônio sociocultural" do nosso país, e que deve ser econhecido e valorizado, pois se constitui como marca da identidade nacional, adquirida através de sua construção histórica. A perspectiva de grupos sociais componentes de uma coletividade é norteada por um princípio de cidadania igualitária (equidade), que traz a proposta de ações afirmativas. Os PCN's adotam uma perspectiva interdisciplinar, que exige saberes específicos e variados, em sua abordagem da pluralidade cultural. No âmbito escolar os conhecimentos dos fundamentos éticos, jurídicos, históricos e geográficos, sociológicos, antropológicos, populacionais, psicológicos e pedagógicos e domínio de linguagens podem contribuir para o estudo.
A História dedica-se a questões locais, regionais, nacionais e mundiais, recuperando as diferenças e semelhanças entre culturas, modos de viver, de pensar, de fazer e heranças legadas por gerações. Valorizam-se nos estudos históricos a sua capacidade de lidar com intercambio de ideias, com diferentes fontes e linguagens e com explicações variadas sobre o mesmo acontecimento. Espera-se que a História estimule a formação do diálogo, pela troca, pela construção de relação entre o presente e o passado e pelo estudo das representações. A cultura ora aparece como produto das relações socais na história, ora aparece como produto das relações de poder, envolvendo um processo permanente de reformulação e resistência.
Mais do que temas transversais, a pluralidade cultural constitui uma perspectiva de ensino guiada pelos seguintes objetivos: conhecer a diversidade; compreender a memória como construção coletiva; vaorizar e reconhecer as culturas nacionais; repudiar e ser solidários aos que sofrem discriminação; e compreender a desigualdade social como um problema coletivo valorizando o convívio pacífico com todos. Como conteúdo são propostos os seguintes subtemas: pluralidade cultural e a vida dos adolescentes; pluralidade cultural na formação brasileira; a pessoa como agente social e promotor cultural; e direitos humanos à cidadania e à pluralidade.
O estudo da história favorece a construção de uma cultura de participação em comunididades imaginadas, sejam elas relativas a grupos ou à comunidade nacional mais ampla e englobante. O historiador e o professor de História podem contribuir para a produção de um tipo de conhecimento capaz de atuar contra a naturalização dos fatos e fenôminos sociais, políticos, econômicos e culturais, que visam impor um valor único ao conjunto das sociedades, indo além de uma simples denuncia ao etnocentrismo. O mundo é feito de relações, e compreendê-las é uma tarefa difícil, em vez de reconhecer e valorizar a pluralidade cultural, como propõem os PCN's, pode-se tentar compreendê-la, não para torná-la menos plural, mas para tornar visíveis as relações historicamente construídas entre indivíduos e grupos, cujas fornteiras são sempre incertas.

Referência Bibliográfica:

GONTIJO, Rebeca. Identidade nacional e ensino de História: a diversidade como 'patrimônio sociocultural'. In: Martha Abreu; Rachel Soihet. (Orgs.). Ensino de História: conceitos, temáticas, metodologia. Rio de Janeiro: Casa da Palavra,2003, p.53-79.

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